Recomeços: Quando a Vida Vira Outra Página

Recomeços: Quando a Vida Vira Outra Página
Ninguém me contou que aos 50 a gente começaria tanta coisa de novo.
Achei que já teria me estabilizado. Que estaria colhendo, não replantando.
Mas aqui estou eu: com um novo olhar, novas vontades, e uma estranha, mas bonita, sensação de que ainda tem muito pela frente.
Recomeçar não é fácil.
É encarar a bagunça depois de um vendaval.
É juntar o que ainda serve, deixar pra trás o que não cabe mais — mesmo que tenha sido bonito um dia.
Teve um dia, pouco depois dos 50, em que olhei ao redor e percebi que a vida que eu estava levando não fazia mais sentido.
Não era dramático, não era trágico.
Era só… apertado.
Como uma roupa que já vestiu bem, mas que agora incomoda.
Foi aí que eu entendi: recomeçar não é sobre mudar tudo de uma vez.
É sobre se permitir mudar aos poucos.
É sobre começar de novo sem ter que voltar ao início.
Tenho uma amiga que voltou a estudar com 56 anos.
“Queria aprender algo só pra mim, sem pensar em dinheiro, filhos, marido. Só por prazer.”
Hoje ela dá aula de história da arte pra mulheres maduras.
E diz que é a primeira vez que sente que está exatamente onde deveria estar.

A Marina saiu de um casamento de 22 anos.
Ela não tinha plano B. Só coragem A.
Chorou, teve medo, se sentiu perdida.
Mas se reencontrou nas pequenas vitórias: montar sua casa, cozinhar o que gosta, rir com as amigas sem dar satisfação.
E a Sílvia, então?
Decidiu empreender aos 60.
Criou uma marca de acessórios com frases como “Nunca é tarde” e “Me reinvento todo dia”.
Disse que cansou de ouvir que essa fase era de aposentadoria.
“Quero me aposentar da obrigação de agradar, não da vida.”
Recomeçar pode ser cansativo, confuso, solitário.
Mas também é profundamente vivo.
É quando a gente se prova pra si mesma que ainda está em construção.
Que ainda pulsa.
Que ainda tem sonhos — e direito de realizá-los.
Tem gente que recomeça mudando de cidade.
Outras mudam o cabelo.
Tem quem comece uma terapia, quem delete um número, quem finalmente diga “não”.
O que importa não é o tamanho do recomeço.
É a coragem de dizer:
“Isso aqui já não me serve mais — e tudo bem.”

—
Para refletir:
O que você já deixou de lado por medo de recomeçar?
Qual foi o seu último recomeço — e o que ele te ensinou?
Se você pudesse virar uma página agora, qual seria o título do próximo capítulo da sua vida?
Vamos nessa?
Patrícia Ceola

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