Divórcio do sono: Por que tantos casais estão dormindo em quartos separados?
Divórcio do sono: Por que tantos casais estão dormindo em quartos separados?
Os motivos são muitos, como insônia, roncos, e até diferenças de temperatura preferidas por cada um
Uma pesquisa de janeiro de 2023, feita pela International Housewares Association para o New York Times, indicou que um em cada cinco casais americanos dorme em quartos separados, fato que ficou conhecido como “divórcio do sono“.
Quase todo dia surge uma nova expressão para tratar de algo que é bastante comum, como se fosse uma excentricidade ou anormalidade.
“Divórcio do sono” é um novo nome para falar de algo bem antigo: casais que optam por dormir em camas, quartos e até mesmo casas separadas para um não atrapalhar o sono do outro.
Eu não conhecia a expressão, apesar de sofrer de insônia e precisar dormir sozinha, desde que me conheço por gente. Adoraria ter um sono tranquilo e dormir abraçadinha com o meu amor, mas minhas torturantes noites de insônia me impedem de realizar o meu desejo. Mas continuamos tentando.
Não gosto do nome “divórcio do sono”, até porque me parece que dormir em camas, quartos ou casas separadas pode ajudar o casal a não se divorciar. Mas, até o momento, não encontrei um nome melhor para uma opção que está se tornando cada vez mais comum entre os casais, principalmente entre aqueles, como eu, que sofrem de insônia. E que tem condições financeiras para tanto.
A atriz Cameron Diaz, 51, casada desde 2015 com o guitarrista Benji Madden, 44, declarou em um podcast que deveria ser “normalizado” para casais não apenas terem quartos separados, mas casas separadas.
“Para mim, literalmente, eu tenho minha casa, você tem a sua… Nós temos a casa da família no meio. Eu vou dormir no meu quarto. Você vai dormir no seu quarto. Está tudo bem. E temos o quarto no meio onde podemos nos reunir para nossas relações… Aliás, eu não me sinto assim agora só porque meu marido é maravilhoso. Eu disse isso antes de me casar.”
A atriz Sheron Menezzes, 40, e seu marido, o lutador Saulo Bernard, 42, dormem em quartos separados desde o nascimento do filho do casal. Saulo é surfista e acorda às cinco da manhã: dormindo em seu próprio quarto, ele não atrapalha o sono da esposa. A atriz enfatizou que o casamento deles, de 12 anos, vai muito bem. E que a vida sexual vai melhor ainda.
Os motivos que levam os casais a essa escolha são muitos: insônia, roncos, horários diferentes de dormir e acordar, filhos pequenos e até diferenças de temperatura preferidas por cada um. Lógico que nem todos os casais podem ter camas, quartos ou casas separadas. Mas esse é um dos modelos ideais de relacionamento para os casais que eu tenho pesquisado nos últimos anos. A maioria acredita que cada um deve ter o próprio espaço para evitar o desgaste da rotina e das briguinhas do cotidiano. Alguns casais preferem morar em casas separadas. Outros fazem questão de quartos e banheiros separados. E por aí vai.
Recentemente, fiz uma enquete no Instagram com a pergunta: “Você é adepta do divórcio do sono?”
Das 677 respostas, 72% responderam que “sim”; 12% disseram “algumas vezes”; 13% afirmaram que “não”; e apenas 3% preferem dormir agarradinhos, mesmo que não consigam dormir. Perguntei também: “Você acha que morar em casas separadas evita as briguinhas chatas do relacionamento conjugal?”
De 342 respostas, 46% afirmaram “com certeza”; 42% “depende da maturidade do casal”; 7% “não muda nada” e 5% “sou muito desconfiada para morar em casas separadas”.
Já adotei o modelo “casada em casas separadas” no meu relacionamento anterior e, há quase dez anos, moro com meu atual marido. Acredito que o mais importante para uma relação ser feliz e satisfatória é a maturidade do casal para não invadir o tempo e o espaço do outro.
Quanto mais observo e pesquiso mulheres e homens de diferentes gerações, mais acredito que confiança, intimidade, respeito, reciprocidade, reconhecimento, admiração, amizade, compreensão, conversa e escuta profunda são ingredientes mais essenciais para uma relação amorosa do que dormir ou não na mesma cama.
Compartilhar a vida, ter prazer com a companhia do outro, não se reduz a dormir junto. Mais importante do que dividir a cama, o quarto, o banheiro ou a casa, é ter maturidade, confiança e sensibilidade para compreender e respeitar as necessidades de cada um. Parece simples, mas essas qualidades são raríssimas em tempos de intolerância, impaciência e ansiedade excessiva. Até mesmo na minha própria vida.
Mirian Goldenberg
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