Era uma vez…
Era uma vez… Já repararam que a maioria dos contos de fadas começam dessa maneira?
Neles encontramos princesas que após sofrimentos, humilhações e perseguições são salvas pelo príncipe encantado.
Acho que por conta disso, meu conto preferido é a “Princesa e o sapo”. Nele a princesa não queria ser salva, queria montar seu negócio e ter independência.
Mas essa história não é sobre mim, é sobre Angélica.
Angélica me contava que desde sempre havia sido criada num contexto de contos de fadas, como se em algum momento fosse ser salva e viver o tal ” felizes para sempre”.
Desde sempre sua mãe a ensinou a cozinhar, passar, cuidar de uma casa.
Apesar de ter completado os estudos, nunca teve uma real ambição profissional e não seguiu carreira em nada.
Casou, teve filhos e sua rotina girava em torno de cuidar do seu castelo, do seu príncipe…
Para ela os “felizes para sempre” já havia acontecido… o que esperar mais o que ter mais…
Certo dia seu príncipe, que havia sido promovido, resolveu seguir adiante sozinho e procurar novos reinos para se aventurar.
Quando Angélica me procurou, não sabia ao certo o motivo.
Só se sentia sem vida, apesar de nunca ter entendido o que era a vida…e meu “felizes para sempre “? E o meu final feliz? Questionava ela para mim.
Pois é Angélica, sempre questionei isso: Por que as pessoas focam tanto num final feliz ao invés de buscar toda uma trajetória ou toda uma jornada feliz?
Espero que, sinceramente, Angélica vasculhe outros reinos, encontre outros príncipes, e descubra que às vezes um final feliz demora a chegar, mas o que realmente importa foi a nossa trajetória até chegar a ele.
Dra Ana Dias
