Quando o pouco se torna muito?
Quando o pouco se torna muito?
“Quando essa boca disser o seu nome venha voando, mesmo que essa boca diga seu nome de vez em quando…”
Hoje o Spotify me ajudou a pensar na história de Ligia…o início dessa música me fez entender a necessidade do “de vez em quando’ que ela tanto falava.
Ligia, 50 anos, separada, filhos adultos, estabelecida profissionalmente, me procurou, pois estava se sentindo “uma mulher sem caráter”.
Ela começou me contando que estava há 5 anos solteira e sem nenhum tipo de contato sexual. Podia sair com as amigas, frequentar ambientes que achava adequados para sua idade, mas não se sentia desejada, e isso não importava pois não gostava de manter relações sexuais com quem não tem intimidade.
Recentemente Ligia se mudou se para um novo apartamento. Quando estava tirando as caixas de dentro do seu carro uma desmontou. Enquanto catava suas coisas, apareceu Bernardo, que se apresentou como seu vizinho.
Ligia descreveu Bernardo como um homem grisalho, alto, tinha umas veias sobressalentes no braço, mas o que realmente chamou sua atenção foi o sorriso…Sorriso que por si só já era um convite.
Bernardo levou as coisas de Ligia até o apartamento dela e ela o convidou para um café. Tomaram o café juntos conversaram e combinaram de almoçar em uma próxima vez.
Passaram a se esbarrar sempre no elevador do prédio, às vezes se encontravam na academia, sempre trocando olhares e sorrisos.
Um dia quando estavam no elevador cheio, Bernardo aproveitou para sutilmente segurar a mão de Ligia. Quando todo mundo saiu, ele se colocou em sua frente bloqueando sua passagem e disse sorrindo:
“Já desisti desse almoço. Prefiro trocar por um jantar!”
Antes que ela pudesse responder ele a beijou, e ela não conseguiu reagir. Disse: “Aquele beijou, pareceu arrancar minhas forças.”
De repente pararam de se encontrar, se esbarrar. Ele não aparecia na academia e ela só pensava naquele beijo.
Um dia Ligia resolveu sair um pouco e marcou um happy hour com as amigas. Enquanto esperava o uber para ir até o local, Bernardo passou, buzinou e disse assim:
“Esquece sua saída e vem comigo!”
Ela automaticamente entrou no carro e não perguntou para onde iriam…só queria sair dali com ele.
Foram para o motel e parecia que seu corpo clamava por aquilo: aquele sorriso, aquela condução, aquela respiração.
Ficaram lá por 3 horas e ele a deixou no lugar marcado com as amigas.
Nos dias seguintes voltaram a não se encontrar.
Ela procurava por ele na academia, no estacionamento, mas não esbarrava nele em nenhum local.
Até que um dia quando estava estacionando, viu Bernardo descendo do carro carregando compras. Quando se aproximou, ele olhou pra ela nervoso, e logo em seguida saiu uma mulher, que sorriu para ela.
Bernardo nervoso apresentou a mulher a Ligia como sua esposa.
A mulher apertou a mão de Ligia e disse:
“_ Ah, você é a nova moradora? Eu sou esposa do Be, eu estava viajando a trabalho e agora voltei. Vou passar uns dias por aqui.”
Ligia voltou para casa arrasada, nunca em sã consciência sairia com um homem casado. Como pôde deixar se envolver?
Os dias se passaram e não se viram mais e ela se sentia culpada. Culpada por querer vê-lo, culpada por sentir falta do sexo, culpada por ter se relacionado com um homem casado.
Um dia, ao encontrar-se com suas amigas, contou a história e disse o quanto se sentia arrependida por ter se deixado envolver.
Suas amigas a acolheram e disseram:
” Você não tem culpa, você não tinha como saber…”
Verdade seja dita… ela não tinha, mas somente até aquele dia!
Quando voltou para casa, e estava entrando no prédio, Bernardo estava entrando também sozinho. Entraram no elevador ele olhou para ela e disse:
“- Minha esposa está viajando novamente. “
Ligia apenas respondeu:
– Vamos para o meu apartamento.
Foram, transaram, transaram e transaram.
No dia seguinte enquanto ele se arrumava para sair, Ligia perguntou:
“Afinal o que é isso que temos?”
Ele respondeu:
Sexo, tesão, duas pessoas apenas fazendo sexo com tesão…
E foi assim que conheci Ligia, arrasada culpada e dizendo que aquele “Apenas” não parava de ecoar por sua cabeça…como assim apenas?
Pois é Ligia, às vezes é tão difícil encontrar as palavras certas, mas tentarei fazer o meu melhor…
Ao longo de nossa jornada o que realmente queremos, será que é só ser amada e respeitada?
Muitas vezes em algumas fases da vida esse ser amado, respeitado acaba ficando um pouco esquecido e passamos a querer ser desejadas…mesmo que as custas de valores e princípios.
Se você os colocasse na balança qual deles pesaria mais? Se você fosse vendê-los qual deles teria mais valor?
Lembre-se! Isso é uma escolha única e exclusivamente sua.
Em um julgamento nem sempre é fácil escolher um réu, mas dessa vez serei uma juíza rigorosa e baterei o martelo. Afinal, preciso definir o culpado.
Carência, você é culpada por toda essa confusão.
E te condeno a viver a vida da melhor maneira possível, até que sua existência não provoque mais danos.
Dra Ana Dias
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