Quem sai de uma relação doentia, costuma sair em silêncio
Quem sai de uma relação doentia, costuma sair em silêncio.
Com minha razoável experiência, como protagonista e como observadora, consigo identificar, de imediato, quando levar a sério ou não o desabafo de alguém que me diz: “vou terminar meu relacionamento”.
Quando a pessoa está esbravejando, demonstrando muita fúria e revolta, sei que não vai dar em nada, ela vai continuar lá jogando o resto de dignidade dela no lixo. Enquanto a ouço, me vem à mente aquele ditado popular: cão que ladra não morde.
Em contrapartida, consigo sentir firmeza quando alguém me diz com uma certa serenidade na voz: “Ivonete, cheguei no meu limite, vou terminar com fulano(a)”. Ali, eu percebo a lucidez vindo à tona e a razão entrando em cena. Ainda que essa pessoa tenha me dito dezenas de vezes antes que iria romper, mas não conseguiu. Eu percebo que dessa vez, ela vai conseguir. Por que? Porque ela está silenciosa, centrada e consciente.
Comigo também nunca foi diferente: as vezes em que tomei atitude de me livrar de um relacionamento doentio, eu o fiz em silêncio. Eu me interiorizava, buscava força aqui dentro, evitava pedir conselhos, evitava pedir opiniões, evitava falar para Deus e o mundo sobre aquilo que já era para ter feito.
Contudo, quando até chegar nesse ponto, eu já havia me desgastado demais dando a décima chance à pessoa que não mereceu nem a primeira. Eu já havia feito ameaças do tipo “vou sumir da sua vida”, eu já havia falado para todos os parentes e amigos que “dessa vez era pra valer”…e, adivinha? Continuava com a pessoa, aos trancos e barrancos.
Tornei-me tão expert nessa avaliação, que mesmo pelas mensagens escritas no meu direct, consigo perceber se a pessoa fala da boca para fora ou se vai dar um basta mesmo. Posso até me enganar em alguns casos, mas o meu feeling anda bem apurado.
O silêncio é o combustível das mudanças, tenho aprendido isso.
Ivonete Rosa