Tenho andado diferente
Tenho andado diferente
Um diferente tão diferente que me assustou no início. Diferente como? Diferente do que? Diferente dos outros? Não.
Diferente de mim mesma. Diferente da pessoa que eu era ontem, que eu era ano passado.
Estou envelhecendo e isto não acontece com a poesia que eu vi meus avós envelhecerem nem tampouco com a certeza que eu previ a alguns anos atrás. Não é tão simples a tarefa de me equilibrar entre meus limites físicos e a liberdade dos meus pensamentos.
Embora eu me considere uma pessoa disposta e otimista. Eu não acordo todos os dias achando a vida linda. Eu tenho minhas manhãs de desânimo de vez em quando. Não é sempre, mas tenho. Eu adoraria acordar todas as manhãs com o coração transbordando alegria e compaixão.
Talvez essa seja a minha meta pessoal. E aqui no meu silêncio eu trabalho para chegar lá. Mas tenho que admitir que dentro de mim tem luz e sombra. Disposição e cansaço. Coragem e medo. Vontade de ir e vontade de ficar.
Não tenho saudade do meu tempo de certezas, de quando eu tinha a última palavra. Mesmo porque, hoje eu sei que a última palavra é uma ilusão de quem quer ter razão e neste momento, entre ser feliz e ter razão, definitivamente eu escolho ser feliz.
O envelhecimento tem missões nobres para cada um de nós. Porém, assim como na adolescência, isso leva um tempo para ser compreendido. É preciso nos ancorarmos nos nossos valores e em tudo que construímos até aqui para vencermos as agruras dessa virada.
É preciso termos altas e boas conversas conosco para não nos perdemos neste mundo que finge que aplaude o envelhecimento mas que no fundo nos vê como um estorvo. É preciso sermos maduros de fato, conscientes de que nada será como antes, mas que tudo pode ser incrivelmente interessante.
Estamos todos experimentando o efeito colateral de envelhecer. Só espero que experimentemos também, as grandes e ricas lições que este momento tem para cada um de nós!
Leila Rodrigues
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