Entre Likes, Longos Silêncios e Lençóis: Amor (e outras coisas) depois dos 50

Entre Likes, Longos Silêncios e Lençóis: Amor (e outras coisas) depois dos 50
Relacionamentos depois dos 50 não são como aos 20. Nem deveriam ser.
A gente não quer mais “qualquer coisa” só pra não estar sozinha.
Mas também sente — em silêncio ou aos berros — aquele desejo de conexão que não morre com a idade.
Pelo contrário: às vezes, até grita mais alto.
Outro dia, conversando com um grupo de amigas, vi como cada uma de nós está num capítulo completamente diferente da história amorosa — e todas tentando escrever com alguma dignidade, paixão e uma boa dose de realismo.
A Cris, por exemplo, casada há 28 anos. Ela fala do marido com carinho, com respeito.
Diz que não tem mais aquela loucura dos primeiros anos, mas que tem paz. E sexo bom quando dá vontade — sem pressão, sem roteiro. Eles saem juntos, viajam, se irritam, se abraçam.
Ela me disse uma frase que anotei:
“Talvez o segredo seja esse… deixar de esperar o épico, e valorizar o cotidiano confortável.”

Já a Ju tá no oposto.
Descobriu os aplicativos de relacionamento e virou quase uma ninja do Tinder. Entre um match e outro, coleciona histórias cômicas, desastrosas e até picantes.
Mas sabe o que ela diz?
“Eu não tô procurando um príncipe. Tô procurando um bom papo, um vinho decente e alguém que saiba ouvir sem interromper. Se rolar química, melhor ainda.”
Tem também a Lúcia. Essa é das minhas.
Esteve casada por 22 anos, separou-se e não quis mais ninguém.
Ela brinca dizendo:
“Cansei de ceder espaço na cama e na vida”
Mas por trás da piada, tem camadas. Ela sentiu medo da solidão no começo. Mas aprendeu a transformá-la em liberdade.
Hoje viaja sozinha, sai quando quer, dorme no meio da cama. E anda dizendo que, se um dia alguém vier, vai ter que somar.
Porque pra dividir, ela já tem o vinho e a Netflix.

E tem a Neide.
Essa ainda espera aquele amor arrebatador. Nunca casou, se dedicou à família, e agora sente que ficou pra depois.
Ela chora às vezes.mSe pergunta se ainda vai viver um amor bonito.
E eu digo:
“Neide, se você ainda deseja, ainda pode.”
Porque amor depois dos 50 não é milagre. É escolha. É coragem. Às vezes, cansa. Às vezes, renova.
Tem dias em que parece não fazer falta. E outros em que tudo o que a gente queria era uma mão na nuca e um “dorme aqui hoje.”
E tá tudo certo. Se você tá com alguém há anos, que bom.
Se tá sozinha e feliz, que lindo. Se tá buscando ou se permitindo, que coragem.
A gente não tem mais tempo pra menos do que merece. Mas ainda tem tempo pra muito.
Para refletir:
- Você tem sido sincera sobre o que deseja afetivamente?
- Está vivendo um relacionamento por medo de sair ou por prazer em estar?
- Se o amor bater à porta — ou aparecer num app — você está aberta ou armada?
Vamos nessa?
Patrícia Ceola

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