Os shorts e meus 40 e poucos anos
Os shorts e meus 40 e poucos anos.
Passei muitos anos da minha vida olhando minuciosamente para os meus “defeitos”. Bastava eu não gostar de algo em mim, como por exemplo, antes de me tornar “mocinha” eu era a “Olívia Palito” da família, na escola tinha tantos apelidos que fica difícil falar todos aqui; e nessa época eu não suportava meus joelhos, eram enormes e eu precisa esconder eles de todo jeito
Então até meus 17/18 anos eu só usava calça cumprida., até que comecei a buscar incessantemente outras partes no meu corpo que não estavam no padrão de beleza esperado.
Por décadas garimpei tentando achar algo considerado belo e não chegava nem perto das modelos da minha época e vivia com um sentimento de ou você esconde ou vai dar um jeito de aperfeiçoar isso… Do jeito que está ninguém vai te aceitar…
Ficava obcecada em celulites, estrias, pochetes, culotes, flacidez, rugas, cabelos brancos, um dente torno (nem tão torno assim) humor instável, cansaço, má postura, e eu continuava em guerra com minhas pernas, entre ficar magra com meu joelho gigante ou feliz com uns quilinhos a mais que chegava a ofender as pessoas quando eu dizia que estava me sentindo ótima!
Não sei vocês, mas eu já cheguei a passar hidratante no meu corpo tão no piloto automático (até com uma certa preguiça e raiva como se fosse perda de tempo) pois não conseguia curtir esse momento, assim também como não apreciava e até rejeitava usar uma bermuda mais curta, uma praia com amigos e até férias em família.
Eu demorei mais de 40 anos para entender que eu estava garimpando ouro de tolo… Me fixei na ideia de que precisava achar um defeito para acertar ele, com isso foram anos de cremes, estéticas, dietas, suplementos e muita insatisfação com meu corpo… Só quando “quarentei” fiz as pazes com minhas pernocas me presenteando com lindos shortinhos e hoje em dia minha hidratação corporal passou a ser um ato de amor!
Texto inspirado nas narrativas do Set analítico.
Mara Tosato
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