Saúde

Não seja um idoso frágil! Invista em atividade física

Não seja um idoso frágil! Invista em atividade física

Não seja um idoso frágil! Invista em atividade física.

O envelhecimento humano é inevitável. Contudo, nossas escolhas podem impactar diretamente em como passaremos por esse processo. Atualmente, a Medicina do Estilo de Vida, a Geriatria e a Medicina Integrativa apresentam abordagens muito eficientes relacionadas ao estilo de vida, que resultam em grande benefício na saúde e autonomia do idoso.

A queixa que mais ouvimos quando alguém reclama da idade é a dor. Tudo que antes não doía, passa a doer com facilidade. Tem pessoas que nem tem idade avançada, mas já se sentem idosas por conviverem com dores articulares ou musculares. Por outro lado, vemos idosos que apresentam ótima qualidade de vida, sem essas queixas e sem limitações. Assim, podemos inferir que a idade por si só, não vincula a presença de sofrimento ou dor.

Com o envelhecimento é comum apresentar mais dores esqueléticas por dois motivos: o primeiro, de ordem estrutural (a alteração da composição do corpo e o desgaste das estruturas do aparelho locomotor) e o segundo é o descondicionamento físico. Ambas são podem ser melhoradas através de treinamento específico. Uma pessoa que se comprometa com o condicionamento físico durante toda a vida envelhecerá com suas aptidões motoras preservadas e terá uma vida cotidiana semelhante à dos adultos.

A principal alteração da composição corporal com o envelhecimento é a substituição do tecido muscular por gordura. É uma alteração inexorável. Contudo, é possível combater esse processo e sofrer pouca repercussão dele. Um indivíduo sedentário perderá massa muscular até um ponto em que as atividades diárias como carregar as compras do mercado ou mesmo subir dois lances de escada, passam a parecer exercícios extenuantes. Um praticante de atividade física que inclua treinos resistidos e de cardio, compensa facilmente essas alterações.

O desgaste de articulações, tendões e outras estruturas como envelhecimento, também é, em certo ponto, inevitável, mas também pode ser remediável. O treinamento adequado leva a compensação e mesmo regeneração de algumas estruturas, o exercício tem efeito anti-inflamatório, já o sedentarismo, associa-se a inflamação e, portanto, mais dores. Desta forma, o condicionamento físico compensa as alterações estruturais do envelhecimento e previne as complicações do sedentarismo.

Quando o assunto é qualidade de vida na velhice, o que mais tem sido buscado é a autonomia e a independência. A rigor, é praticamente impossível atingir esses valores em um mínimo condicionamento cardiovascular e preservação de força.

A capacidade física inclui elementos como força, equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade e resistência aeróbia. Todas elas são importantes, mas provavelmente é a força que mais faz falta no dia a dia do idoso sedentário, pois em praticamente todas as atividades da rotina são demandadas.

O problema é que boa parte das pessoas só valoriza algo, quando perde, e isso também vale para a força muscular no processo de envelhecimento. Porém, vale ressaltar que a medida que envelhecemos, se torna muito mais difícil recuperar ou ganhar musculatura, nessa ocasião, o ideal seria estar trabalhando   simplesmente para mantê-la.

A “sarcopenia” (do grego “sarcos”, carne + “penia”, pouco), refere-se a perda de massa muscular acentuada que é comum em idosos sedentários. A avaliação clínica com técnicas como aferição de medidas do corpo (antropometria), além de exames como a bioimpedância, permite uma análise mais acurada da composição corpórea e avaliação da sarcopenia. A presença de sarcopenia no idoso está associado a maior mortalidade, demência e baixa qualidade de vida.

O tratamento baseia-se em adequação nutricional e treinamento de reabilitação. E importante destacar que prevenir a sarcopenia é muito mais fácil que tratá-la. A preservação da massa muscular passa pela prática de exercícios resistidos, que deve ser realizada e incentivada em todas as idades (incluindo crianças e jovens) com a adequada prescrição específica para cada faixa etária.

A prática supervisionada de exercícios corrige os vícios adquiridos com nosso estilo de vida confortável e recupera habilidades, além de ter efeito protetor na saúde mental e cognição. Não há remédio que faça nada semelhante a isso!

Outro aspecto importante de mencionar é a demência. A Uma condição relacionada à idade, multiplamente determinada.  O risco de desenvolver demência reflete fatores genéticos, e principalmente relacionados ao estilo de vida e de aspectos de saúde em geral. A demência no idoso é uma condição séria e que traz grandes impactos sociais e econômicos.

Um estudo publicado em 12/21 na Cognitive neurology avaliou o estado de demência e sua relação entre comportamentos de estilo de vida, fragilidade e genética.

 O estudo avaliou as relações entre o índice de fragilidade, estilo de vida saudável, escores de risco poligênico (todos avaliados no início do estudo) e a ocorrência de demência por todas as causas, conforme registrado nos registros de internação hospitalar e dados de registro de óbito.

 O estudo mostrou que a alta fragilidade foi associada ao aumento do risco de demência, independentemente do risco genético. A fragilidade mediou 44% da relação entre comportamentos de estilo de vida saudáveis ​​e risco de demência.

A fragilidade está fortemente associada ao risco de demência e afeta o risco atribuível a fatores genéticos.  Assim, devemos considerar que investir na autonomia do idoso através de programas de exercício físico que contemplem todos aspectos de aptidão física como hipertrofia, flexibilidade e condicionamento cardiovascular pode ser um importante fator de risco modificável para demência e um alvo para estratégias de prevenção, mesmo entre pessoas com alto risco genético.

Bom treino!

Bruno Sthefan

@drbrunosthefan


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Bruno Sthefan
Sobre

Bruno Sthefan

Cardiologista & Médico do Esporte, Longevidade Saudável e Life Style, Tratamento de Obesidade Emagrecimento e melhora de composição corporal, Performance Esportiva & Reposição Hormonal.

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