Quem nunca sofreu por amor?
Quem nunca sofreu por amor?
Costumo brincar se você ainda não sofreu, vai sofrer…
A questão em si não é o sofrer, pois o sofrimento faz parte de uma certa maneira da vida ….
Mas gostaria de pensar no sofrimento como algo com prazo de validade: se passar muito tempo, fica como comida vencida…pode provocar várias indigestões.
Se sofrer é ruim, imagine ver quem amamos sofrendo?
A sensação é de que o sofrimento vem em dobro, em triplo….
E assim começa a história de Isabella, na verdade posso dizer que assim começa a história de Sandro e Carolina.
Eles eram pais de Isabella, e foram me procurar não só por vontade própria, mas também atendendo a pedidos dos amigos de sua filha…
Segundo eles, Isabella desde o início da faculdade namorou por muito tempo a mesma pessoa, e quando estavam ensaiando ficarem noivos, seu namorado resolveu romper o relacionamento. Simplesmente disse que não estava pronto para um passo tão grande.
Desde então ela está completamente diferente…. tem dias que ela está quieta, calada…e nos outros sai sem dar satisfação e volta pela manhã (coisa que não tinha o hábito em fazer pois sempre foi muito caseira).
Até então eles e os amigos, apesar de estarem estranhando o comportamento, achavam que era algo temporário.
O limite foi ultrapassado quando um dia a mãe de Isabella acordou e tinha um homem estranho na cozinha de cueca…
Ela e Isabella, que sempre conversavam, tiveram uma discussão terrível. Como resposta Isabella se isolou ainda mais.
Ultimamente Isabella não tem saído do quarto; sai apenas para buscar refeições.
Não tem saído para festas ou baladas…e até dos amigos se afastou….
Os pais de Isabella me procuraram por causa do seguinte questionamento:
“-Quando isso acaba?”
Fico imaginando o quanto é difícil não só para pais, mas também para amigos, presenciarem o sofrimento de alguém querido.
Quando isso acaba? Quando isso passa…?
São as mesmas perguntas que fazemos quando ingerimos uma comida fora da validade e temos uma indigestão….
Horas parecem dias, dias parecem semanas e semanas parecem anos…
Quando estamos sofrendo ou vendo quem amamos sofrer o tempo parece tão relativo …que qualquer segundo vira uma eternidade.
Interessante que a grande pergunta a ser feita não deveria ser quando e sim como…. como amenizar, como ajudar…. como acolher.
Talvez se encontrarmos juntos essas respostas, poderemos fazer Isabella perceber que esse sofrimento já está fora de validade, e essa indigestão toda será curada com as doses certas de amor.
Dra Ana Dias
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